segunda-feira, 23 de maio de 2011


"Incômodos: para quem ainda vier a me amar” é uma vontade amorosa de mudar o mundo, cênica e nômade, capaz de se territorializar em qualquer parte da superfície terrestre. Em 2011, as areias da praia de Ipanema serão esta superfície e, em frente à Rua Farme de Amoedo, olhos testemunharão a audácia inocente deste cenário lúdico. Trata-se de uma construção poética desenvolvida a partir das simbologias do pai – o masculino, o grande deflorador – como também da simbologia da mãe – o feminino, a grande “buceta” da existência. 

Mas não se limita a isto, ainda há muito que dizer e perceber. Da mesma, emergem infinitas imagens que edificarão uma recusa aos dogmas e às verdades absolutas.

Na sua realidade existirão seres cênicos que, para serem apreciados, necessitam de um contato físico do espectador com a obra. Para viver essa experiência é preciso entrar de cabeça, ou seja, faz-se necessário adentrar em sua estrutura e sentir sua potência. Assim a sinestesia espectador/obra é criada de maneira que os sentidos se aflorem, criando uma atmosfera de comunhão, que reverbera a necessidade de receber e expelir, de deixar entrar e de deixar sair, o ato da penetração criadora.

A supracitada obra, em última instância, faz, através de suas simbologias, uma ode à vitalidade explosiva, à fecundidade, à regeneração, à colheita dos frutos e ao aleitamento que se opõem radicalmente à castração, à posse, à dominação e à figura inibidora. Com tudo isso, mas sem guerra, intentamos ser uma infantaria amorosa para oferecer resistência a essa moral judaico-cristã-capitalista que, desencorajando os esforços de libertação, nos priva e impõe limites e esterilidades com o desejo de nos manter sobre sua dependência. 

Por fim, “Incômodos: para quem ainda vier a me amar” é um libelo em favor do amor, da livre afirmação de amar, de não temer a vida e a vontade abafada de despertar o que temos de melhor a oferecer, ou seja, ARTE, AMOR e SUBVERSÃO.


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